15 de março de 2013

Entrevista ao escritor Bruno Martins Soares

O segundo entrevistado é Bruno Martins Soares, autor de "A Saga de Alex 9", que assinou os dois primeiros volumes, "A Guardiã da Espada" e "A Coroa dos Deuses" com o pseudónimo Martin S. Braun. 

Quero agradecer ao Bruno por ter aceite esta entrevista.

"A Saga de Alex 9" que foi inicialmente planeada como uma trilogia mas agora está compilada num único volume, é uma mescla de fantasia histórica e ficção cientifica e com um enredo complexo e muito bem construído.  




Poderá falar-nos um pouco de Alex 9, personagem principal da trilogia.

Alex é uma personagem mais complexa do que pode parecer à primeira vista. É uma órfã de origens misteriosas que é adoptada pela empresa Takahashi-McNamara e treinada desde a infância para ser uma guerreira de elite. Traumatizada por um período da infância em que viveu num orfanato que se supõe cruel, criou uma carapaça de força à sua volta e só ganhou disciplina mental e emocional graças aos seus mestres Kaoru e Pierre. Alex assume-se e nós assumimo-la como uma guerreira perigosa que só serve para combater. Na verdade, a sua missão na Segunda Terra permite-lhe evoluir para uma mulher que ama, é amada, cria uma família, ganha responsabilidades de liderança e… muito mais. Esta dinâmica entre a persona do guerreiro e a essência do ser humano está, na realidade, presente em várias personagens e é uma dinâmica que me interessa imenso, pois exige sofisticação emocional.

Como se inspirou na criação do mundo?

Na verdade, pensei num mundo medieval muito parecido com a Terra. Fiz questão de dar traços culturais diferentes aos diferentes povos, uns têm traços chineses e romanos, outros franceses, outros japoneses e mongóis, outros de índios norte-americanos, só o povo de Brodom é que tem uma essência parecida com os povos típicos dos épicos de Fantasia.




Acha que o livro beneficiou da compilação ou preferia que tivesse continuado uma trilogia, uma vez que foi pensado para ser uma trilogia?

Acho que beneficiou da compilação e o último volume já foi escrito a pensar na compilação. Como normalmente, na minha escrita, os pormenores da intriga se encaixam detalhadamente uns nos outros, o livro ganha ao ser lido todo de uma vez. Só que para ser assim desde o início teria demorado muito mais tempo a publicar. Acho que assim também beneficiou do marketing já feito para os outros volumes da série e do facto de já haver fãs e pessoas à espera de o comprar.

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

Está a perguntar-me de que filho gosto mais? Amo-os todos. Claro que a Alex é a menina dos meus olhos, mas gosto muito da calma, da inteligência e da liderança de Dael e adoro Jikard que evoluiu bastante ao longo do volume. Outra personagem de quem gosto é Hert de Bavra, que é outro com uma boa evolução. Mas gosto de todos. Até de Wa-Tsu e de Serkatic. Sempre que escrevia sobre Serkatic só me apetecia rir às gargalhadas, na verdade, pois é alguém que parece ser muito inteligente mas consegue sempre fazer a coisa errada. Mas também o acho irritante, às vezes. Pierre e Kaoru são outros que me dão muito gozo, pois são um casal muito unido e com um fundo muito bom, mas não são necessariamente óbvios ou estereótipos.

Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

Muita. Especialmente nesta área. Uma vez que não existe uma crítica organizada para este género como para a literatura ‘realista’, são um dos meios, senão ‘o meio’, que melhor divulga os livros de FC e Fantasia. E fico muito contente com a atenção que prestaram a Alex 9 – agradeço imenso.




De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

Comecei a ler antes de saber ler. Tínhamos em casa sempre banda desenhada que eu e os meus irmãos líamos só pelos ‘bonecos’ antes de sabermos ler. Depois, quando eu tinha 10 anos, o meu pai trouxe para casa um livro juvenil ‘sem bonecos’, a que eu imediatamente torci o nariz. Mas a verdade é que pouco depois estava viciado. Desde aí que leio sempre ficção, embora tenha tido ‘períodos de carência’ em várias alturas. Lá em casa sempre se deu importância aos livros, que é algo que se aprende e deve ser ensinado desde tenra idade. Mesmo assim, nunca perdi de vista a banda desenhada.

Quais os seus escritores preferidos?

Está a perguntar-me de que pai eu gosto mais? Gosto de muitos. Mas eis alguns que me marcaram ou que devo destacar: Virginia Woolf, Boris Vian, Bernard Cornwell, Alexander Kent, George R.R. Martin, Kazuo Koike, entre outros. Todos por motivos diferentes – aprendi com todos, e continuo a aprender.




Qual o livro que gostava de ter escrito?

Quem não gostaria de ter escrito ‘As Crónicas do Gelo e do Fogo’? Mas confesso que há outro livro que admiro imenso e que me vem à cabeça pela sua construção, pela sua simplicidade e pela sua excelência: ‘O Velho e o Mar’, de Hemingway. Mas há outros. Adoro a ‘Viagem ao Farol’, de Virginia Woolf, por exemplo: a sua capacidade de construção para ter um ‘pay-off’ final é o género de coisa que eu adoro. E ‘Duna’, de Frank Herbert, é um dos livros que mais me marcou: a escrita intimista mas enorme de Herbert é excelente.

Já tem mais projectos em mente?

Claro. Sempre. Tenho sempre vários projectos em mãos. Os que vocês conhecem são apenas os que são terminados, mas há sempre mais. Se só tivesse as ideias que tenho agora, já dava para ficar a escrever até ao fim da minha vida. Estou a escrever neste momento uma coisa que não sei com o chamar mas diria que é um conto-romance: um romance constituído por vários contos. Estou a escrever em inglês e chama-se ‘The Dark Sea War Chronicles’. É uma espécie de romance naval em ficção científica. Estou a escrever vários guiões para cinema e televisão. Estou a escrever um romance ‘realista’ chamado ‘A Pé Desde as Montanhas’. Por fim, estou a trabalhar num outro romance do universo Alex 9, passado dois anos depois do fim da Saga, chamado ‘Guarda da Rainha’. Chega?

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