31 de março de 2013

Feliz Páscoa


O blogue "Os Livros do Lars" deseja uma feliz Páscoa a todos os seus seguidores.
Boas leituras!

29 de março de 2013

Entrevista ao escritor Pedro Ventura

Pedro Ventura é o próximo autor entrevistado. Ele recentemente relançou "Goor - A Crónica de Feaglar" numa edição de autor, que poderá comprar aqui.

Dos livros publicados pelo autor eu li "Goor - A Crónica de Feaglar I" e "O Regresso do Deuses - Rebelião", que são dois romance épicos de imensa qualidade. E eu estou desejoso de ler o final do Goor.

Quero agradecer ao Pedro a disponibilidade para fazer esta entrevista e pelo autografo e dedicatória que fez no livro.  






Oito anos depois, Goor - A Crónica de Feaglar está de novo a venda, como tem sido a reacção dos leitores?

Tem sido bastante positiva, apesar das minhas limitações em termos de divulgação. Mas é uma luta bastante complicada – muitas pessoas só estão interessadas em ler os temas da "moda" e torna-se difícil flanquear esses gostos que têm uma máquina bem oleada a amamentá-los. Espero que o livro me ajude em termos de marketing, divulgando-se a si próprio com o passar do tempo. De qualquer das maneiras, já estou habituado a ter de lutar – nunca nada me caiu de bandeja...

Poderá falar-nos um pouco de Feaglar e Gar-Dena, personagens principais de Goor - A Cronica de Feaglar.

O Feaglar é aquele sujeito iluminista cheio de boas intenções (apesar de não ser isento de alguns defeitos, obviamente) que gostaria de ter a governar o meu país. A sério! A Gar-Dena... Bem, por estranho que possa parecer, sempre fomos um pouco distantes. A minha personagem feminina preferida é outra...

Se fosse uma personagem do universo Goor qual escolhia e porquê?

Talvez o capitão Thalian. É um tipo decente e competente. Não dá muito nas vistas, mas é um pilar essencial para os que rodeiam. Gosto de pessoas assim.
 



Como se inspirou na criação do mundo de Goor?

Sinceramente, não procurei criá-lo – não o projectei, digamos assim. Ele surgiu per si na minha mente e o enredo foi-se desenrolando de uma forma natural. Costumo dizer que fui um mero cronista de acontecimentos que presenciei. Não foi fácil porque, por vezes, tornava-se difícil acompanhá-los com a escrita, mas fiz o que pude.

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

Calédra, sem dúvida! É um mulher pragmática, obstinada e apaixonada, com aquele "je ne sais quoi". Depois dos Goor, senti-me em dívida para com ela e tive de lhe dar protagonismo em O Regresso dos Deuses. Curiosamente, há quem a adore ou estranhe a sua frieza e sobranceria, duvidando até que uma personagem assim pudesse assumir um papel de liderança. Será? A "nossa" História parece dizer o contrário... Além do mais, quem preferiam ter do vosso lado numa situação em que se pode ter a vida em risco? A Calédra ou a Buttercup? Não entendo porque é que isso pode causar impressão, quando se engole tantas personagens femininas nos antípodas – fracas, sem carácter, submissas... Calédra acaba por ser uma homenagem às mulheres "fortes", com uma "coisinha" chamada carisma. Existem, não existem? Assusta-me que possa haver quem sinta arrepios por causa da sua personalidade... Lamento a imparcialidade, mas esta é a personagem que sempre irei defender com unhas e dentes - é o tal carinho!

Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

Muitíssimo grande! Como autor e leitor, só posso estar agradecido por existirem blogues como este, que não se limita a ser uma mera "passerelle" de capas bonitinhas e de apreciações do tipo "like/deslike button". A diversidade é uma coisa que aprecio muito... O que também aprecio é a oportunidade dada aos autores nacionais, que precisam cada vez mais de visibilidade e de críticas, boas ou más, desde que sejam construtivas, fundamentadas e isentas de qualquer interesse obscuro. Essa crítica pode ser uma ferramenta fundamental para o amadurecimento dos autores. Infelizmente, em Portugal acontece tudo muito ao estilo de "gritos ou silêncios", sem que haja essa preocupação, esse acompanhamento. Por outro lado, as pessoas falam da crise e preocupam-se com encerramento da loja x e da fábrica y e esquecem que os autores nacionais (aqueles que não são vedetas dos media...) também estão nesse barco. Não vejo ninguém preocupado com o facto de um autor abandonar a escrita. Que se lixe, não é? Podemos sempre importar milhares de "pérolas" literárias estrangeiras porque, essas sim, são todas de uma qualidade inquestionável... 



De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

Não tenho uma memória desse nascimento, talvez por não haver um momento preciso. É uma daquelas coisas que se perde nas brumas do passado. No entanto, o ambiente familiar ajudou bastante nesse parto e posterior desenvolvimento. Tive a sorte de crescer rodeado de livros, muitos de Ficção Científica e Fantasia, géneros tidos por leitura "para gente com pouco siso" por uma boa parte da sociedade. Num mundo de gente tão "sã", o meu orgulho em ter pouco siso é enorme...

Quais os seus escritores preferidos?

É que são tantos... Júlio Verne, Frank Herbert, C.S. Forester, George Orwell, Bernardo Santareno, Ray Bradbury, Isaac Asimov, Aldous Huxley, Paul Brickhill, Robert Heinlein, Fernando Pessoa, Enid Blyton, Tolkien, David Brin, H.G. Wells, K. Dick, Umberto Eco, James Tiptree Jr. (Alice Sheldon), H. P. Lovecraft, Conde de Volney, Jules Verne, John William Wall, Sinclair Lewis, Jean-Michel Angebert, Alexandre Dumas, Michael Moorcock, Erich Von Daniken, etc, etc. Tenho também de referir Rod Serling, pois nem todas as preferências vieram do papel.

Qual o livro que gostava de ter escrito?

Uma boa pergunta. Mas nunca pensei nisso. Gostava era de saber o que esteve na origem de certos livros. Por uma questão de curiosidade, gostaria de ir às origens da inspiração para o Épico de Gilgamesh ou de acompanhar Luciano de Samósata enquanto ele escrevia o seu Uma História Verdadeira. Isso, sim, seria fantástico.

Já tem mais projectos em mente?

Ter projectos não é difícil, o pior é concretizá-los. Tenho pouco tempo e confesso que sou péssimo a organizar esse pouquinho que vou desenrascando no quotidiano. Para já, conto reeditar o Goor II lá para Maio ou Junho – depende de vários factores. Já tenho uma história que dá continuidade ao universo dos meus livros anteriores, passada numa época posterior, com uma visão mais centrada em questões sociais e um nível tecnológico superior, em certos aspectos – um adeus às espadas, digamos assim... Mas talvez possa surgir algo diferente, que venha a ter toda a minha atenção. Logo se vê... 

27 de março de 2013

Opinião - A Filha do Império


Mara era apenas o membro mais novo de uma família nobre. Nunca esperou que a súbita e chocante morte do irmão e do pai pudessem trazer-lhe tamanha responsabilidade. Apesar do seu sofrimento, cabe-lhe a tarefa de vestir os mantos da liderança e enfrentar as dificuldades. Mas embora inexperiente na arte política, Mara terá de recorrer a toda a sua força e coragem, inteligência e astúcia, para sobreviver no Jogo do Conselho, recuperar a honra da Casa dos Acoma e assegurar o futuro da sua família. Rapidamente se apercebe de que a traição e os inimigos da família quase levaram a sua Casa à aniquilação completa. Todas as esperanças estão depositadas numa única mulher: uma rapariga que terá de crescer rapidamente e aprender um jogo perigoso, onde não há tempo para errar…

Opinião:

"A Filha do Império" é o primeiro volume da trilogia "Saga do Império", que nasce da colaboração do Raymond E. Feist com Janny Wurts. 

Ao contrário das sagas anteriores, "Saga do Mago - Guerra do Portal" e "Os Filhos de Krondor" nos quais a maioria dos acontecimentos ocorrem em Midkemia, o enredo desta saga desenvolve-se em Kelewan durante a Guerra do Portal.

Mara é uma jovem de 17 anos que inesperadamente tem de assumir o controlo da sua família nobre, os Acoma, devido a morte do seu pai e irmão que foram provocadas por uma casa rival.
Por isso ela é obrigada a perder a sua adolescência para tentar restaurar a honra da sua família e tentar vingar a morte dos seus familiares. 



Ao contrário das outras sagas, a magia é um elemento pouco presente ao longo do livro, sendo ele mais direccionado para a luta pelo poder por parte das principais casas de Kelewan, naquilo que é apelidado no mesmo por  Jogo do Conselho. 

Por ser o primeiro livro da saga o ritmo é algo lento, para o leitor se ambientar ao fantástico mundo de Kelewan, fazendo a descrição da cultura do seu povo, que tem influências orientais. 

Apesar de este livro não ter tão presente a magia a sua qualidade não peca em nada em relação aos anteriores livros que li do autor. Bem pelo contrário, na minha opinião é um dos melhores que li e irei seguir com muita atenção os restantes livros da trilogia. A não perder!

Avaliação: 9-10

22 de março de 2013

Entrevista à escritora Susana Almeida

Antes de mais quero agradecer à Susana Almeida por ter aceite a entrevista e desejar-lhe muita sorte nos seus futuros projectos. 

Susana Almeida é uma jovem escritora algarvia, autora da trilogia de fantasia "Estrela de Nariën" publicada pela editora Saída de Emergência .  


Eu já li os livros, pode ler as minhas opiniões aqui e aqui, e gostei imenso e não posso deixar de mencionar que os mesmos se encontram com 40% de desconto no site da editora





Quando surgiu a ideia de escrever a “Estrela de Nariën”, soube de imediato que seria uma trilogia?

Na verdade não. Inicialmente pensei na “Estrela de Nariën” como um “stand-alone”, contudo, à medida que a história se ia desenvolvendo comecei a perceber que teria demasiado material para um “stand-alone”. Ponderei sobre o assunto chegando à conclusão que o enredo beneficiaria com uma divisão, até porque existiam momentos perfeitos para o clímax final de cada livro que, jamais, teriam o mesmo impacto num “stand-alone”. Desta forma avancei para uma trilogia, o que também me permitiu explorar melhor as várias personagens e as ligações estabelecidas entre elas.




O que sentiu ao ter pela primeira vez os seus livros nas mãos?

Na verdade reagi com uma certa normalidade, mas claro que é sempre uma sensação única ter nas mãos o fruto de meses de trabalho. Curiosamente no caso do “Sombras de Morte” recordo-me que levei uma semana a realmente assimilar que o livro era de facto meu, algo que já não sucedeu com os restantes dois volumes.  

Poderá falar-nos um pouco de Étaín, a vilã da trilogia "Estrela de Nariën".

Étaín é uma elfo erradicada para o mundo dos Homens, de espírito corrompido pela ganância, o desejo de poder e de controlo que não se coíbe de usar vários estratagemas para assegurar que consegue o que tanto ambiciona. É fria, cruel, calculista e manipuladora, alguém capaz de forjar alianças que apenas contemplem os seus interesses, embora consiga que pareçam igualmente benéficas para ambas as partes. É ainda uma excelente estratega usando a sua inteligência para surpreender o inimigo quando este menos espera estando sempre um passo à sua frente. Dona ainda de uma personalidade forte não teme enfrentar qualquer adversário. Contudo, tem um ponto fraco, o sentimento que nutre por Lochan que se recusa a perder para outra mulher.

Se fosse uma personagem do universo Nariën qual escolhia e porquê?

A minha escolha recairia sobre Zahara. O porquê é simples, é uma personagem forte que luta pelo que quer e se recusa a aceitar o que lhe querem impor, traços que, pessoalmente aprecio bastante.




Pelo que sei, apesar de não ser uma personagem principal, Lochan tornou-se numa das personagens preferidas dos leitores. O que acha que cativou os leitores para que assim acontecesse?

O Lochan ter-se tornado, atrevo-me a dizer, a personagem mais popular da trilogia foi uma surpresa para mim. Não estava de todo à espera, mas compreendo que por ser uma “personagem cinzenta” com um passado bastante doloroso e sofrido mas ainda assim, capaz de demonstrar carinho, preocupação e afecto tenham sido dois dos pontos fortes para ter cativado não só as leitoras, como os leitores, que curiosamente também o elegem como o seu personagem preferido.  

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

É uma pergunta bastante difícil de responder uma vez que sinto por todos um imenso carinho. Foram longos meses passados diariamente na sua companhia, vendo-os crescer e, em alguns casos, amadurecer ao longo das páginas, contando o seu passado e traçando o seu futuro. Confesso que Étaín sempre teve o seu cantinho especial no meu coração assim, como Athina, que apesar de apenas surgir no 3º volume me cativou desde o início, são ambas vilãs e ambas são personagens complexas, cada uma à sua maneira. Kyran foi igualmente uma personagem que me marcou, talvez tenha sido a personagem que ao longo dos três volumes mais mudanças sofreu e foi um prazer acompanhar o seu crescimento. Poderia continuar a referir muitas outras mas estas três foram de facto as que recordo com mais saudade e carinho.  

Sei que a “Estrela de Nariën” ficou em primeiro lugar na categoria "O Melhor Livro que Li" pelo Clube de Leituras e Fãs do Fantástico, no projecto escolar Ler é Fantástico em 2011. Ficou surpreendida ao receber esta notícia?

Bastante, não estava de todo à espera mas foi uma surpresa muito agradável. Só posso agradecer aos membros do Clube de Leituras e Fãs do Fantástico pelo carinho e entusiasmo com que receberam os meus livros e a mim, aquando da minha visita assim, como à prof. Eunice Pinho pelo seu trabalho de incutir o gosto pela leitura nos mais novos.  
  


Quais os seus escritores preferidos?

Existem vários escritores que admiro como Emilio Salgari, Catherine Anderson, Robert Jordan, Robin Hobb, Juliet Marillier, David A. Durham e Alexandre Dumas... Alguns pela escrita, outros pela imaginação, pelo que me ensinaram ou pelo simples prazer que é ler os seus livros.

Qual o livro que gostava de ter escrito?

Certamente que existem vários mas o que imediatamente me vem à memória é: Amor à Primeira Vista de Catherine Anderson.

Já tem mais projectos em mente?


Existem sempre vários projectos ou ideias em mente, mas neste momento o que ocupa maior espaço é o reescrever de um manuscrito que já tem alguns anos e que gostaria imenso de ver publicado.

21 de março de 2013

Opinião - Nero


Nero terá sido o mais famoso dos imperadores romanos. A ele se atribuem algumas das mais terríveis crueldades da história.
Nero, discípulo de Séneca, revelou bem cedo a sua ambição pelo poder. Mas quem poderia imaginar que dos valores morais do filósofo Séneca nasceria um homem tão implacável e cruel? 

Nas intrigas da Roma antiga, encontra-se a noção de que Nero conduziu o legado do Império com uma crueldade exacerbada, cego pela vontade de satisfazer o seu enorme ego. 

O declínio de Roma, a perseguição aos cristãos e a tragédia de Séneca são tratados com grande mestria ao longo das páginas deste romance. Nero é uma obra com todos os ingredientes que caracterizam uma época repleta de intrigas políticas, conspirações, assassinatos, traições, orgias, incestos, e outros excessos. Mas também existe filosofia, poesia e música neste romance biográfico. Este é o primeiro romance histórico a abordar a vida de Nero de uma forma credível e com profunda investigação.


Opinião:

"Nero" é um romance histórico da autoria de Vincent Cronin, que retrata a vida do imperador romano Nero e do seu tutor Séneca. O livro é relatado através das memórias do irmão mais novo de Séneca. 

Neste romance histórico a vida de Nero é descrita de uma forma diferente da habitual, que é ele ter sido um homem violento, que incendiou Roma e que perseguiu impiedosamente os cristãos, e onde é descrito como um desportista e amante das artes.

Nero a tocar lira durante o incêndio de Roma.

Lúcio Aneu Séneca foi um filósofo e senador romano, que assumiu o cargo de tutor de Nero a pedido da sua mãe Agripina. Ele teve algumas dificuldades iniciais em perceber o seu tutelado, mas tornam-se bons amigos e confidentes. Aquando da ascensão de Nero ao poder ele é nomeado para o seu conselho. 

O ritmo do livro é algo lento e bastante descritivo o que torna a sua leitura algo pesada. Mas eu como um grande apreciador da Roma Antiga gostei de ler a versão do autor sobre uns dos imperadores mais controversos. Mas devo dizer que não me conquistou.

Avaliação: 7-10

15 de março de 2013

Entrevista ao escritor Bruno Martins Soares

O segundo entrevistado é Bruno Martins Soares, autor de "A Saga de Alex 9", que assinou os dois primeiros volumes, "A Guardiã da Espada" e "A Coroa dos Deuses" com o pseudónimo Martin S. Braun. 

Quero agradecer ao Bruno por ter aceite esta entrevista.

"A Saga de Alex 9" que foi inicialmente planeada como uma trilogia mas agora está compilada num único volume, é uma mescla de fantasia histórica e ficção cientifica e com um enredo complexo e muito bem construído.  




Poderá falar-nos um pouco de Alex 9, personagem principal da trilogia.

Alex é uma personagem mais complexa do que pode parecer à primeira vista. É uma órfã de origens misteriosas que é adoptada pela empresa Takahashi-McNamara e treinada desde a infância para ser uma guerreira de elite. Traumatizada por um período da infância em que viveu num orfanato que se supõe cruel, criou uma carapaça de força à sua volta e só ganhou disciplina mental e emocional graças aos seus mestres Kaoru e Pierre. Alex assume-se e nós assumimo-la como uma guerreira perigosa que só serve para combater. Na verdade, a sua missão na Segunda Terra permite-lhe evoluir para uma mulher que ama, é amada, cria uma família, ganha responsabilidades de liderança e… muito mais. Esta dinâmica entre a persona do guerreiro e a essência do ser humano está, na realidade, presente em várias personagens e é uma dinâmica que me interessa imenso, pois exige sofisticação emocional.

Como se inspirou na criação do mundo?

Na verdade, pensei num mundo medieval muito parecido com a Terra. Fiz questão de dar traços culturais diferentes aos diferentes povos, uns têm traços chineses e romanos, outros franceses, outros japoneses e mongóis, outros de índios norte-americanos, só o povo de Brodom é que tem uma essência parecida com os povos típicos dos épicos de Fantasia.




Acha que o livro beneficiou da compilação ou preferia que tivesse continuado uma trilogia, uma vez que foi pensado para ser uma trilogia?

Acho que beneficiou da compilação e o último volume já foi escrito a pensar na compilação. Como normalmente, na minha escrita, os pormenores da intriga se encaixam detalhadamente uns nos outros, o livro ganha ao ser lido todo de uma vez. Só que para ser assim desde o início teria demorado muito mais tempo a publicar. Acho que assim também beneficiou do marketing já feito para os outros volumes da série e do facto de já haver fãs e pessoas à espera de o comprar.

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

Está a perguntar-me de que filho gosto mais? Amo-os todos. Claro que a Alex é a menina dos meus olhos, mas gosto muito da calma, da inteligência e da liderança de Dael e adoro Jikard que evoluiu bastante ao longo do volume. Outra personagem de quem gosto é Hert de Bavra, que é outro com uma boa evolução. Mas gosto de todos. Até de Wa-Tsu e de Serkatic. Sempre que escrevia sobre Serkatic só me apetecia rir às gargalhadas, na verdade, pois é alguém que parece ser muito inteligente mas consegue sempre fazer a coisa errada. Mas também o acho irritante, às vezes. Pierre e Kaoru são outros que me dão muito gozo, pois são um casal muito unido e com um fundo muito bom, mas não são necessariamente óbvios ou estereótipos.

Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

Muita. Especialmente nesta área. Uma vez que não existe uma crítica organizada para este género como para a literatura ‘realista’, são um dos meios, senão ‘o meio’, que melhor divulga os livros de FC e Fantasia. E fico muito contente com a atenção que prestaram a Alex 9 – agradeço imenso.




De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

Comecei a ler antes de saber ler. Tínhamos em casa sempre banda desenhada que eu e os meus irmãos líamos só pelos ‘bonecos’ antes de sabermos ler. Depois, quando eu tinha 10 anos, o meu pai trouxe para casa um livro juvenil ‘sem bonecos’, a que eu imediatamente torci o nariz. Mas a verdade é que pouco depois estava viciado. Desde aí que leio sempre ficção, embora tenha tido ‘períodos de carência’ em várias alturas. Lá em casa sempre se deu importância aos livros, que é algo que se aprende e deve ser ensinado desde tenra idade. Mesmo assim, nunca perdi de vista a banda desenhada.

Quais os seus escritores preferidos?

Está a perguntar-me de que pai eu gosto mais? Gosto de muitos. Mas eis alguns que me marcaram ou que devo destacar: Virginia Woolf, Boris Vian, Bernard Cornwell, Alexander Kent, George R.R. Martin, Kazuo Koike, entre outros. Todos por motivos diferentes – aprendi com todos, e continuo a aprender.




Qual o livro que gostava de ter escrito?

Quem não gostaria de ter escrito ‘As Crónicas do Gelo e do Fogo’? Mas confesso que há outro livro que admiro imenso e que me vem à cabeça pela sua construção, pela sua simplicidade e pela sua excelência: ‘O Velho e o Mar’, de Hemingway. Mas há outros. Adoro a ‘Viagem ao Farol’, de Virginia Woolf, por exemplo: a sua capacidade de construção para ter um ‘pay-off’ final é o género de coisa que eu adoro. E ‘Duna’, de Frank Herbert, é um dos livros que mais me marcou: a escrita intimista mas enorme de Herbert é excelente.

Já tem mais projectos em mente?

Claro. Sempre. Tenho sempre vários projectos em mãos. Os que vocês conhecem são apenas os que são terminados, mas há sempre mais. Se só tivesse as ideias que tenho agora, já dava para ficar a escrever até ao fim da minha vida. Estou a escrever neste momento uma coisa que não sei com o chamar mas diria que é um conto-romance: um romance constituído por vários contos. Estou a escrever em inglês e chama-se ‘The Dark Sea War Chronicles’. É uma espécie de romance naval em ficção científica. Estou a escrever vários guiões para cinema e televisão. Estou a escrever um romance ‘realista’ chamado ‘A Pé Desde as Montanhas’. Por fim, estou a trabalhar num outro romance do universo Alex 9, passado dois anos depois do fim da Saga, chamado ‘Guarda da Rainha’. Chega?

8 de março de 2013

Personagens novas para a 3ª temporada de Game of Thrones

A terceira temporada de "Game of Thrones" têm a estreia marcada para o dia 31 de Março, e com o aproximar da data de estreia a HBO têm publicado algumas fotos para aguçar o apetite dos fãs. 

Eu decidi só colocar fotos de personagens que vão estrear na série.
Acham que estão parecidos com o retrato feito por George R.R. Martin nos livros?


Jojen Reed

Meera Reed

Beric Dondarrion

Thoros 

Brynden Tully - The Blackfish

Olenna Tyrell

Mance Rayder

Entrevista ao escritor Paulo Fonseca

Vou iniciar a minha série de entrevistas com o Paulo Fonseca, autor da trilogia "Império Terra", ao qual desde já agradeço pela sua disponibilidade.


Império Terra é uma trilogia que aborda um mundo pós-apocalíptico e a terrível luta pela sobrevivência. 

Eu já li os dois volumes publicados da trilogia, "O Início" e "Guerra da Pirâmide", e são dois livros com qualidade, mas que não têm o devido reconhecimento. Se estiver interessado em os adquirir poderá o fazer através do blogue do autor. 



Sei que está a fazer a revisão ao terceiro volume da trilogia, já tem alguma previsão para o lançamento?

Não posso responder a esta questão sem fazer uma introdução. O terceiro volume teve já diversas versões, contudo, apenas esta chegou ao fim. Todas as outras conduziram-me a um caminho que, a dada altura, me desagradou e me fez perceber que não era aquilo que pretendia escrever. Depois de alguma meditação sobre o assunto consegui desenhar o esquema, o story line – se preferires – e arranquei. Todavia, no final, acabei com uma história volumosa; nunca pretendi um livro muito grande, por tudo aquilo que está associado à difícil edição de livros grandes. Neste momento, a revisão implica um trabalho profundo de análise e avaliação que pretende, não só, garantir a qualidade, mas também o emagrecimento – essencial: uma tarefa descomunal, porque – regra geral, no meu caso – a revisão acaba muitas vezes por complementar o texto original, engordando-o. Além disso, existe alguma resistência nas editoras em publicar um terceiro livro, sem terem publicado os anteriores. Tudo isto somado, faz-me acreditar que não posso adiantar uma data para o lançamento; e embora gostasse muito de o publicar em 2013, talvez tenha de me conformar com a ideia de 2014. A isto não é indiferente, uma ideia que tive – uma estratégia – que poderá tornar a edição do Império Terra III, muito mais atraente; mas mais não digo – o segredo é alma do negócio. No entanto, faz parte dos meus projectos dar alguma coisa a quem gosta deste universo; tenho uma ideia para publicar directamente no meu blog http://imperioterra.blogspot.com uma história que terá lugar algures entre o momento em que Nolen relata a Guerra da Pirâmide e o início do terceiro volume.

Poderá falar-nos um pouco do mundo pós-apocalíptico que criou para a trilogia?

Quando tive a ideia de Império Terra, quis criar um Fim do Mundo diferente dos lugares comuns: asteróides, guerras e epidemias. Para mim o mundo teria de findar, mas teria de estar intacto, porque existia uma mensagem que eu queria passar que era a resposta ás seguintes questões: e se tudo aquilo com que contamos, hoje, acabasse? Quem nos tornaríamos? Que caminho seguiríamos  Este foi o inicio de tudo... Mas também aqui é importante fazer um preâmbulo. O primeiro livro a ser escrito foi a Guerra da Pirâmide. Isto aconteceu, porque eu tenho alguma obsessão pela coerência. Assim, tinha de arranjar um passado que pudesse trazer semelhante fim; esse passado surgiu com a Guerra da Pirâmide. Apenas com o ataque de um povo que não gosta de usar a sua tecnologia superior, que prefere perseguir e acossar, e que não pretende nada mais do que encontrar uma coisa que há muito procura, seria possível ter um mundo vazio de gente – de repente – e intacto, em condições de permitir que a humanidade escolhesse o seu novo caminho. E só então, escrevi Império Terra: o princípio; depois de saber o que tinha acontecido há milhares de milhares de anos atrás e as suas consequências para um nefasto dia de Outubro de 2029. É claro que, depois, a fasquia tornou-se mais alta e a pergunta principal nasceu: E se tudo o que te contaram não for a verdade? O meu projecto inicial transformou-se numa – não diria epopeia – mas numa jornada para mostrar uma história do Universo, e da humanidade, diferente.



O que o levou a escolher Lisboa como o cenário original?

«Escreve sobre o que conheces», é uma máxima apontada por muito escritores. Lisboa é uma cidade que conheço bem, principalmente a área onde a história se desenvolve, é uma cidade cheia de luz e movimento, e sendo a capital de Portugal que melhor sítio para se desenhar um princípio de um fim, para demonstrar os contrastes entre aquilo que o mundo era e aquilo em que ele se tornou?Apenas para aguçar a curiosidade, no terceiro volume regressamos a Lisboa...

Qual a personagem por quem nutre um maior carinho?

Gabriel, sem dúvida nenhuma. Será injusto não referir os outros, porque todos são importantes, e porque a todos me apeguei de alguma maneira; por exemplo, gostei muito do Argu Revorelta, da Elira, do Sibael, do Nolen e do Trebar... e na redacção do terceiro comecei a apreciar outros. Mas, se tivesse de eleger um, seria o Gabriel. Mas isto dos personagens é interessante. Cada autor relaciona-se com eles de uma maneira particular, tal como os leitores. Para mim, a partir do momento que estão criados são livres – por assim dizer – e desenvolvem-se sozinhos – por assim dizer, também; e, por vezes, quebram as nossas expectativas e desiludem-nos ou superam-nas e tornam-se heróis inesperados. Por exemplo, nas Crónicas de Allarya, do Filipe Faria, eu sou fã do Quenestil. E tu, na Guerra da Pirâmide, surpreendeste-me ao dizeres que o teu preferido era o Onileva – que aos meus olhos é um personagem secundário; o que me fez crer que foi um personagem muito credível.

Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?

No nosso mundo, onde a maioria das pessoas vai à internet em busca de informação, os blogs têm um importância determinante. E isso sucede, não só por facultarem informação, mas porque numa sociedade em que abundam tantos títulos dentro do mesmo género, e em que o tempo é escasso, torna-se necessário escolher bem o que se vai ler, e os blogs dão-nos essa possibilidade. Ao fazerem isso tornam-se referências para os leitores e - em alguns casos – essas referências são tão importantes que as próprias editoras se associam aos blogs. Desta mecânica surge uma sinergia que é a própria divulgação das obras e dos autores. Para além dos blogs, como o teu, que divulgam diversas obras, há depois os próprios blogs dos autores, dedicados ás próprias obras. Devo dizer, sobre os últimos, que é muito complicado conseguir fazer essa divulgação quando se tem um trabalho 9-18 e se quer escrever todos os dias – é por isso que, regra geral, apenas publico ás quartas.

De onde nasceu o seu interesse pela literatura?

O meu interesse pela literatura foi nascendo aos poucos, e posso dizer que até despontou tarde. O meu pai tinha, e tem, muitos livros em casa; não era uma vasta biblioteca, mas para mim era imensa, e sempre sentira curiosidade pelo conteúdo daqueles «pacotes de papel» e comecei a ler alguns. Até dada altura o meu género estava cingindo ao policial e ao mistério, que era aquilo que mais existia em casa dos meus pais; mas depois comecei a ler títulos menos representativos, mas assaz interessantes e que me mostraram outros géneros. Creio que o momento mais alto, aquele que me define enquanto leitor, foi quando descobri que podia levar livros para casa, de borla, da biblioteca municipal; foi aí que comecei a ler a sério e comecei pela Trilogia do Senhor dos Anéis. Depois disso ninguém mais me parou; lia tudo aquilo que achasse interessante. Já do ponto de vista do escritor, de como a ideia de escrever nasceu, tudo começou numa brincadeira: um concurso literário, no 9º ano. O que escrevi foi uma patacoada enorme, em que – basicamente – brincava com alguns familiares meus. Mas foi o suficiente para que nascesse o «bichinho». Nesse ano escrevi dois proto-romances policiais – o género em que estava mais à vontade. Mais tarde, num desafio lançado à turma por um professor de Português, escrevi um pequeno conto sobre a aventura de um pescador no mar revolto. O professor adorou; comparou-me a Raúl Brandão – o que me deixou orgulhoso – e o que me valeu a alcunha de Alfred «patilhas» Hitchcock. Nesse momento nasceu o sonho de ser escritor, comecei a escrever o meu primeiro romance policial, que está na gaveta - cheio de coisas escritas por um adolescente que via na escrita de histórias a possibilidade de ser o herói que desejava; de lá até cá, numa jornada conturbada, fui escrevendo alguns contos, alguma poesia, e esse sonho foi ficando esquecido. Até que ressurgiu e deu origem ao Império Terra.



Quais os seus escritores preferidos?

Como tenho sempre dito, não me considero um escritor de género. Ou seja, gostaria de ser visto, um dia – se tiver essa sorte – como um escritor, tão somente. Gosto muito do género fantástico e Hoje acho que daqui a muitos anos – espero eu -, quando olhar para aquilo que produzi, estarei a ver uma pilha de livros de Fantástico e umas torres mais pequena - e menos vistosas - de outros géneros; no entanto, posso estar enganado. A verdade é que escrevo conforme a história nasce, e nem sempre nasce no fantástico. Devo isso ao facto de ter convivido, se assim se pode dizer, com uma vasta gama de géneros literários. Sendo verdade que comecei pelos policiais, não é menos verdade que assim que pude pisar outros terreno o fiz. Por isso, estão entre os meus autores, favoritos: Agatha Christie, John Le Carré, Balzac, Kafka, Marion Zimmer Bradley, Juliet Mariller, Arthur C. Clark, Konsalik, Isac Asimov, Almeida Garret, Tolkien, Julio Verne, Daniel Silva, Paulo Coelho... Poderia continuar e continuar. O que importa dizer - e isto é uma espécie de sugestão; é que todos os autores nos enriquecem de alguma maneira; em todos eles eu encontrei inspiração e força para continuar a trilhar este caminho.

Qual o livro que gostava de ter escrito?

Não consigo dar essa resposta. Há livros que me impressionaram pela história, mas que o modo como foram escritos não me arrancaram nenhuma exaltação. Há livros cuja história não é nada de especial, mas o escritor deu-lhe uma vida inebriante através das suas palavras. Um bom livro é conseguido pelo equilíbrio daquelas duas dimensões. Por isso, dizer que gostava de ter escrito este ou aquele livro, é impossível. Mais facilmente identifico partes das narrativas que gostava de ter escrito; ou melhor, que gostava de conseguir escrever com igual brilhantismo. São essas partes que me inspiram e me fazem querer ser um melhor escritor.

Já tem mais projectos em mente?

Um escritor escreve. Aqui há algum tempo li um texto que dizia exactamente isto: há pessoas que querem ser escritores e há os escritores; os primeiros perseguem um sonho, os segundos realizam-no. Eu enquadro-me no segundo; escrevo. Por isso a resposta à pergunta é sim. Tenho dois livros publicados, um terceiro em revisão; mas tenho mais dois terminados; e entretanto publiquei dois contos pelas colectâneas da Pastelaria Studios – «Ocultos Buracos» (Poseidon) e «Na Corda Bamba» (Madnov); estou a escrever outro romance, enquanto faço a revisão do Império terra III. E, para terminar, há o tal projecto de romance online. Ideias tenho muitas, vou apontando-as num caderninho; o tempo é que é pouco. 

6 de março de 2013

Novidades



É com muito orgulho que anuncio que brevemente irei publicar algumas entrevistas a escritores nacionais. 
Quem acham que são os entrevistados?
Gostam desta iniciativa do blogue?
Fiquem atentos!

Opinião - Dragões de um Crepúsculo de Outono


Anos após terem optado por seguir caminhos diferentes, um grupo de companheiros reencontra-se na sua terra natal apenas para descobrir que o mundo de Krynn mudou. Rumores de guerra e sombras dominam as conversas de estalagem e monstros e criaturas míticas que só existiam em lendas voltaram a ser avistados. E nenhum companheiro se atreve a confidenciar os segredos que oculta no coração e que descobriu em viagens cheias de perigo.

Até ao dia em que um encontro ocasional com uma bela mulher, que detém em seu poder um bastão de cristal, arrasta os companheiros para o caos e muda as suas vidas para sempre. Ninguém esperava que se revelassem heróis. Muito menos eles. Mas conseguirão arranjar a força, honra e coragem para enfrentar os Deuses da Luz e Trevas no momento em que a Guerra da Lança está prestes a começar?

Opinião:

"Dragões de um Crepúsculo de Outono" é o primeiro livro da trilogia "As Crónicas de Drangonlance", uma das mais famosas sagas de fantasia de sempre da autoria da dupla Margaret Weis e Tracy Hickman.

Cinco anos depois de se separarem, para averiguarem se os estranhos rumores que ouviram eram verdadeiros, um grupo de amigos reúne-se na Estalagem do Derradeiro Lar em Solace. Ao entrarem em Solace notam logo que a mesma também mudou, o que vem aumentar os seus receios, porque os rumores de guerra e sobre a corrupção dos Seguidores eram verídicos. 



Na estalagem, um homem idoso que está a contar histórias a um grupo de crianças, pede a uma jovem mulher do povo das planícies para ela contar também uma história, mas em vez disso ela canta, mas a canção desagrada ao Alto Teocrata por fazer referencias aos deuses antes do Cataclismo. O grupo de amigos decide ajudar os dois desconhecidos e a partir daí rumam juntos à perigosas aventuras.

O grupo é composto por Tanis, um meio-elfo que é o líder do mesmo, Raistlin um jovem mago, Caramon guerreiro poderoso irmão gémeo de Raist, Flint anão rabugento que se acha velho para aventuras, Sturm um cavaleiro de Solamnia, Tasslehoff um kender que diz não ter medo de nada. Ao qual se juntaram Lua Dourada, filha de um líder tribal da Abanasinia e o Vento do Rio, um guerreiro e seu amado.


Escrito num estilo claramente dirigido a um público jovem e amante de videojogos e com alguns clichés do género, num enredo onde sentimos que as principais personagens conseguem sair incólumes de todos os perigos que enfrentam e resolver todos problemas em que estejam envolvidos, não deixa de ser um livro que gostei de ler. 

Irei continuar a seguir com atenção os livros da saga. 

Avaliação: 8-10